terça-feira, 29 de março de 2011

Iron Maiden - The Final Frontier World Tour 2011

Uma das maiores bandas de heavy metal do mundo se apresentou no estádio do Morumbi na noite de sábado dia 26. 50 mil fãs participaram do primeiro show da turnê do álbum The Final Frontier, o 15º álbum de estúdio da banda, no Brasil. É a nona vez que o Iron Maiden faz shows em solo nacional e eu estava presente mais uma vez.


Os portões se abriram às 15:10 e os primeiros metaleiros que passaram a noite esperando entraram no estádio. Às 19:30 a banda Cavalera Conspiracy, banda formada pelos irmãos Max e Igor Cavalera, ex-Sepultura, subiu no palco para fazer o show de abertura da noite. Divulgaram seu novo álbum entre outras musicas da carreira e ainda mandaram os clássicos do Sepultura como Refuse/Resist, War for Territory, Roots Bloody Roots, dando uma animada no publico.
Após o show de abertura os roadies começaram a arrumar o palco para o grande momento da noite. Exatamente as 21 horas as luzes do estádio se apagaram enquanto se ouvia Doctor Doctor do UFO e todo fã de Iron Maiden sabe o que isso significa, que em instantes o sexteto entraria no palco. Assim que a musica acabou, nos telões exibia o vídeo de abertura, a introdução de Satelite 15...The Final Frontier começava, com algumas explosões e uma viajem pelo espaço e o fundo do palco iluminado imitando estrelas. Terminando o vídeo as luzes do palco se acendem fazendo todos entrarem em euforia vendo Dave Murray, Adrian Smith, Steve Harris, Janick Gers, Nicko

McBrain e Bruce Dickinson, tocando Satelite 15...The Final Frontier, a primeira musica do novo album. No refrão todos cantava juntos com Bruce. Depois foi a vez de El Dorado, onde Bruce começava a explorar as plataformas que corriam em torno do palco e gritar “Scream For me São Paulo”, sem contar que o fundo do palco mudava de acordo com a musica. O show seguiu com um clássico de 1984, do álbum Powerslave, 2 Minutes to Midnight e The Talisman, outra musica recente da banda. Hora de Bruce fazer contato com o publico. Sempre carismático e bem humorado Mr. Dickinson arranha um português saudando o publico com “Boa Noite! Obrigado!” e ainda brinca um pouco dizendo” Ninguém viu este show que estamos tocando para vocês. Guardamos energia para o Brasil. Sei que vocês têm de ir à igreja amanhã, mas vamos mantê-los aqui por um tempo” e mandou outra musica nova pra galera, Coming Home. Vejo essa musica como uma dedicatoria a todos que de uma forma direta e indireta fazem parte da turnê da banda, todas as pessoas que se conhecem nesse caminho. Depois foi a vez de tocarem Dance
of Death do álbum homônimo de 2004, com Janick Gers tocando violão nesta faixa.

The Trooper deu continuidade no set list com Bruce vestindo uniforme vermelho de cavaleiro e hasteando a bandeira inglesa. Sem contar a sincronia das 3 guitarras nesta musica, uma sonoridade impecável. Tocaram duas musicas do album Brave New World de 2000, The Wicker Man e Blood Brothers, esta dedicada a todos os fãs do Iron Maiden pelo mundo, com uma homenagem especial aos japoneses devido aos fortes terremotos ocorridos no começo do mês. When the Wild Wind Blows foi a última música do álbum novo. A partir daí, só clássicos da banda foram executados, The Evil That Men Do com aparição da mascote da banda Eddie de 4 metros de altura andando pelo palco, chegou ate a tocar guitarra durante musica. Fear of The Dark foi à próxima, e se ouvia “OOHH OOOOOHHHH OOHH OOHH” ecoando pelo estádio.




A primeira parte do show foi fechada com Iron Maiden e outro Eddie apareceu no fundo do palco, mas apenas seus dedos, ombro e cabeça, este fez sua primeira aparição da turnê no Brasil.
O bis começou com The Number of The Beast com outro boneco ao fundo imitando a “besta” mesmo. Outra música que não falta no setlist o Iron é Hallowed Be Thy Name em outra apresentação perfeita. A ultima música do show foi Running Free, uma das primeiras música da banda ainda com Paul Di’anno nos vocais. Enquanto era tocada, Bruce apresentava a banda e dizia que não importa o que o Iron Maiden fizer, eles viram sempre tocar em São Paulo. E foi assim que mais uma passagem da banda por São Paulo se encerrou.

Com mais de 30 anos de carreira e seus integrantes com mais de 50 anos de vida o Iron parece cada vez melhor, que nem vinho. A harmonia da banda é incrível. Os solos de guitarra cada vez mais técnicos e com bastante feeling. Dave Murray sola muito. Adrian Smith é um compositor e um guitarrista e tanto. Janick Gers alem de tocar muito bem tem uma presença de palco arrasadora, arremessando guitarra pra cima e dançando enquanto toca. O baixo do Steve Harris pesado como sempre, o considero um dos melhores baixistas do mundo. Nicko McBrain fica escondido atrás de sua enorme bateria e não para um minuto com suas batidas pesadas. E não podemos esquecer Bruce Dickinson, sabe mesmo agitar os fãs, o tempo todo fazendo a platéia cantar com ele.
Espero que o Iron Maiden volte logo para São Paulo, um show que vale a pena ver milhões e milhões de vezes, porque cada apresentação é única e sempre melhor que a outra.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Chipmusic - Trocando uma guitarra por um Game Boy

Esse post é uma homenagem à todos que entendem a arte que há por trás dos videogames e como eles moldaram uma geração inteira.

Pra iniciar este post, tive de recorrer para um artifício que ultimamente tenho evitado ao máximo: memória emocional. Mas seria inevitável neste caso. Seria inevitável lembrar da década de 90, quando ganhei misteriosamente e sem entender muito bem um novo mini-game. Mas aquele era diferente. Maior que o normal, pesado até. Entrada para quatro pilhas. Muito diferente daqueles jogos que iam apenas uma daquelas baterias redondinhas (elas ainda existem?). Porém, quando eu liguei aquele pequeno console, posso dizer que muita coisa mudou. Ok, não era super colorido como meu SNES (Super Nintendo), mas tinha algo mágico nele. Eu poderia levar para onde eu quiser! Sim, estou falando do meu Game Boy e sua primeira versão.

Primeira versão do Game Boy
Na época eu não tinha muita habilidade e passávamos por dificuldades financeiras. Não tinha muitos cartuchos para minha diversão. Porém, eu adorava mesmo aquele pequeno trambolho. Fez parte da minha infância, adolescência e também atualmente. Queriam o que? Eu sou da geração eletrônica! Um detalhe importante, que ficou cravado na minha inconsciência, foram as musicas dos jogos. Aquele som único que, apesar das suas limitações, produziam melodias bem contagiantes. Algumas delas, chegavam a ser cantaroladas. Hoje em dia, quem (dessa geração) não sente um prazer ao arriscar imitar o tema do Mario? Ou aquela introdução épica de Pokémon? Ou quem não sente um arrepio ao escutar toda o soturnismo da trilha sonora de Metroid? Enquanto alguns mais velhos lembram com carinho de cantigas de escola, nós adoramos fazer o baixo das fases de subterrâneas de Mario Bros. (durudurudurum).



Essa geração cresceu. Hoje estamos entre os 20 e os 30. Muitos já se afastaram desse mundo, talvez pela pressão de uma postura mais madura e adulta. Outros, acharam nesse meio um modo de se expressar, de fazer arte. É aqui que entra o cenário atual musical. Você sabia que aquelas musiquinhas que nos remetem aos velhos tempos, hoje são gêneros musicais? Estou falando de chiptunes, nintendocore, chipmusic, etc. Alguns caras que cresceram no mundo dos 8-bits (aqueles jogos velhos onde os pixels eram aparentes), acharam um modo de modificarem seus Game Boys e agora fazem belas melodias que remetem ao som daquela época. Mas engana-se quem pensa que isso é uma brincadeirinha normal. Os realizadores desse tipo de som entendem de música e dão duro para a construção de sua arte. E não é brincadeira quando digo que eles realmente utilizam os portáteis para construção do som!


Nullsleep, um dos mais famosos chiptuners

Pixelh8, que também é um educador musical

Esses "malucos" graças a internet, conseguiram se juntar e são muito unidos, criando comunidades virtuais para divulgação de seus trabalhos. É muito interessante que eles distribuem muitas de suas canções e até alguns álbuns gratuitamente. Um dos mais famosos locais para esse compartilhamento é o 8bitpeoples. Existem artistas de todo o mundo, inclusive do Brasil. É um bom local para descobrir mais sobre esse estilo musical que a cada ano cresce mais e vai ganhando espaço. Existe até um festival próprio para os chiptuners: o Blip Festival. No Brasil a cena ainda é relativamente tímida se compararmos com outros países, porém, seu crescimento é notável. Na mesma linha do 8bitpeoples, temos o coletivo Chippanze que funciona da mesma maneira, porém com os artistas brasileiros do meio. Tivemos alguns festivais pontuais como o 8bit Game People que rolou durante o FILE Hipersonica 2009 (Festival Internacional de Linguagem Eletrônica) trazendo nomes internacionais de peso como SabrepulseCovox e Bitshifter. Claro que haviam artistas nacionais como Pulselooper, um dos integrantes do Chippanze.

Pulselooper: chiptuner do Brasil

O hoje a chipmusic invade até os cinemas e os games atuais. Quem assistiu Scott Pilgrim Vs. The World sabe do que estou falando. O filme é baseado na HQ de Brian O'Malley, que faz uma homenagem incrível aos games. Fora as referências visuais videogamisticas, para aumentar essa atmosfera, o filme recorreu também para a chipmusic em algumas cenas. Acompanhando o lançamento do longa, saiu também para PS3 e Xbox 360 o game homônimo ao filme. Se os gráficos e a jogabilidade remetem aos famosos beat'em ups dos anos 90 (Final Fight, Streets of Rage), os desenvolvedores recorreram para a banda Anamanaguchi para a realização da trilha sonora do game (trilha sonora para a construção desse post).

Anamanaguchi e sua trilha para o jogo Scott Pilgrim Vs The World

A chipmusic realmente é um presente daqueles que só o acaso e o tempo podem proporcionar ao mundo. É surpreendente notar como uma geração apaixonada utilizou de algo teoricamente "obsoleto" para realizar uma arte inigualável. É compreensível que muitos não consigam apreciar esse movimento por não serem filhos dessa geração gamer. Talvez por isso a chipmusic ainda tem ares underground, pois seu público é (ainda) muito focado. Mas quem sabe em breve o reconhecimento como movimento musical seja entregue à essa geração apaixonado pelos 8-bits?

quarta-feira, 16 de março de 2011

Prévia - 8INVERSO traz HQ "Castro" para o Brasil

Hoje o La Colméia vem com uma informação bem bacana. Como"especialista" em histórias em quadrinhos aqui no blog e por termos interesse em temas políticos, lhes apresento uma prévia com belas imagens de uma nova HQ que em breve estará desembarcando por aqui. Trata-se de Castro, escrita e desenhada por Reinhard Kleist lançada no fim do ano passado e que será publicada pela editora 8INVERSO.

Clique na imagem para ampliar

Reinhard Kleist é autor das também HQ's Johnny Cash - Uma Biografia e Elvis, - esta última organizada junto com Titus Ackermann - ambas também com seus direitos adquiridos pela 8INVERSO e muito bem recebidas pela crítica. Baseando-se em pesquisas sobre a vida do ícone cubano e também em uma viagem que fez à Havana em 2008, Kleist cria uma narrativa onde um jornalista se interessa pela vida de um revolucionário na Cuba de 1958: Fidel Alejandro Castro Ruz. Como em uma das imagens desse post, percebe-se que a história vai além da revolução cubana que derrubou o ditador Fulgencio Batista.
Porém, para fazer essa prévia, precisamos conhecer quem está por trás deste lançamento. Sabemos que material Kleist teve de sobra para escrever uma obra mais próxima possível da verossimilhança, mas será algo que saberemos apenas quando tivermos a obra em mãos. Seu trabalho com a biografia em quadrinhos de Johnny Cash não ficou abaixo do esperado segundo críticos (infelizmente ainda não li apesar de fã do trabalho de Cash). Pode ficar ruim se pender muito para a "direita" tanto quanto para a "esquerda". Mas, como eu disse, o autor parece estar com uma boa base para desenvolver a narrativa (Kleist teve apoio de Volker Skierka, biógrafo de Fidel que também assina o prefácio de Castro). É possível notar pela prévia que os traços de Kleist não tendem para a um tom chargista, tentando ser realista, porém cartunesco ao mesmo tempo para que o efeito de empatia seja maior. O preto e branco reforça a idéia de se aproximar da verdade não fazendo com que as cores "falem" por si.
É grande a chance de que Castro torne-se uma obra indispensável. Seja para os adoradores, seja para os contra a sua postura, seja apenas para curiosos deste que, sem dúvida, foi um dos ícones do século XX. Só perderá seu valor se acontecer da obra tornar-se partidária, como dito anteriormente. E claro, assim que a HQ estiver em mãos e lida por completo, uma resenha será colocada no blog, podem ficar tranquilos.


"Condena-me, não importa, a História me absolverá." - Famosa frase de Fidel Castro em La Historia me absolverá, pronunciamento de 16 de outubro de 1953. Será que esta "estória" o absolverá?

“Castro”, graphic novel da 8INVERSO sobre Fidel Castro
Texto e ilustrações: Reinhard Kleist
Tradução: Margit Neumann
Páginas: 288
Preço: R$ 51,00

!Atualização: Galera, a 8INVERSO está sorteando dois exemplares de Castro. Basta ter uma conta no twitter e dar um RT. Mais informações por aqui!

segunda-feira, 14 de março de 2011

O Cinema Francês Hoje (e a adorável Amelie)




Quando pensamos em cinema francês, rapidamente nossos pensamentos nos transportam para a Nouvelle Vague, grande movimento e principal expoente da 7ª arte na França, sem esquecer é claro de toda a escola vanguardista da década de 1920 e do realismo poético das décadas de 30 e 40.
Hoje os tempos são outros e a situação é um tanto quanto diferente.
O cinema francês teve (e ainda tem) papel importantíssimo na tradução do que a própria palavra "cinema" quer dizer. Vale lembrar que os próprios irmãos Lumiére eram franceses.
Podemos notar que o cinema francês no quesito produção, porta-se muito bem no momento e já há alguns anos.
Um país que ocupa aproximadamente 40% do mercado local pode orgulhar-se pois em outros países, usando
como exemplo o Brasil, que, dificilmente consegue abarcar mais de 10% do mercado, ficando sempre atrás das produções estrangeiras.
Mesmo assim, alguns acreditam que a produção francesa tem graves problemas, principalmente quando se pensa no futuro.
O cinema francês traz consigo um forte problema de concentração de produção. Fala-se que a cada 20 filmes de sucesso 1 é originário de uma produtora independente.
Hoje praticamente toda a produção francesa depende da associação com as redes de TV.
O principal "problema" enfrentado é que já nota-se um certo grau de "preferência" das TV's quanto ao tipo de filme que será produzido.
Em outras palavras: As redes de TV tem mostrado interesse em grandes produções, com elenco conhecido e roteiros de grande apelo comercial.
O cinema "diferencial", aquele que não se preocupa em apenas divertir ,que sempre foi o grande atrativo do cinema produzido na França está ficando cada vez mais difícil de produzir-se.
Ou seja, mesmo no interior de uma situação privilegiada como a do cinema francês, a grande briga é pelo financiamento do filme dito "de arte", sem o qual nenhuma cinematografia funciona, progride ou se justifica.

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Seguindo na linha Cinema Francês, deixo aqui a resenha e a dica de um filme recente e bastante comentado, mas nem por isso menos importante: O Fabuloso Destino de Amelie Poulain.

Começo dizendo a máxima: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain não pode ser considerado um filme comum. É gratificante assistir um filme bem equilibrado em diversos aspectos, pricipalmente bem equilibrado entre a comédia e o drama. Simples e encantador.
Dirigido por Jean-Pierre Jeunet e produzido na França, conta a história de Amelie Poulain.
Desde a sua infância, Amelie sempre foi reclusa da maioria das pessoas, o que num primeiro momento, já torna sua "chegada" ao mundo, conturbada demais.
É órfã de mãe que morrera em circunstâncias não muito bem esclarecidas. Como animal de estimação tinha um peixe, que, talvez retratasse as perturbações futuras de sua dona pois tinha crises e eventualmente tentava o suicídio. Por fim, seu pai, que era médico, dificilmente aproximou-se da filha, talvez por falta de tempo, talvez por falta de afeto, enfim, geralmente aproximava-se da filha apenas para examiná-la como um paciente qualquer.
Com um histórico familiar como esse não seria de se esperar que a menina vivesse isolada, sem amigos para brincar ou divertir-se como uma criança comum.
Amelie cresce. Uma bela moça que trabalha como garçonete e mora sozinha em um apartamento em Paris. Um dia encontra em sua residência uma caixa de "segredos" pertencente a um antigo morador. Amelie então decide encontrar o dono do artefato. Após o sucesso da empreitada e comovida com a reação do dono, Amelie começa a repensar a sua vida e acaba por descobrir que lhe falta o combustível para a sua verdadeira felicidade: um grande e generoso amor.
Estéticamente o filme é um deleite visual: A fotografia é lindíssima. Muito bem trabalhada, forte em detalhes, muito colorida e de um "amarelo" envolvente. Movimentos de câmera incomuns na maioria das vezes e um tratamento digital refinado. Talvez seja o ponto alto do filme e tecnicamente muitos consideram a parte que merece mais méritos em toda a produção.
Difícil também não deixar de encantar-se pela primorosa trilha sonora composta por Yann Tiersen. Acredito que Yan envolveu-se de tal forma com o projeto que conseguiu transmitir fielmente o clima e a sensação que Jean Pierre gostaria de transmitir. Com um “sem fim” de intrumentos (banjo, violão, acordeon, piano, harpa, mandolin entre outros...) Yan Tiersen já consagrou a trilha do filme a um clássico absoluto.
O roteiro apesar de simplista e não trazer nada inovador tem muita qualidade e foi muito bem escrito. Acredito ser esse o ponto forte do filme, porém raramente alguém comenta isso, julgando-o como "apenas mais um filme" com fotografia bonita. A forma com que Jean-Pierre Jeunet nos conduz para dentro da vida de Amelie com a belíssima atuação de Audrey Tautou é forte, é intensa.
O padrão utilizado pelo diretor mesclando drama e comédia, amparado por um narrador ao estilo "documentário expositivo" dá a tônica do interesse do público pelo filme. Torna o filme leve, fato que não é muito comum em um filme que tem a carga dramática que o Fabuloso Destino de Amelie Poulain carrega em suas entrelinhas. A narração acaba por prender a atenção do público pois geralmente aparece de forma rápida e repleta de detalhes que ajudam a construir o enredo, principalmente no que diz respeito ao caráter da personagem principal.
O público fica na "ânsia" de saber que rumo tomará a vida da "comum" Amelie que de garotinha tímida e reclusa torna-se o centro de uma cadeia de boas ações para todos que a rodeiam. E, em contra partida busca sem saber direito quem ou o que preencherá o vazio que sente em relação aos seus sentimentos. Fato é que Amelie consegue driblar a maioria dos seus problemas nessa quase "cruzada" pela felicidade. Sua e dos outros.
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain é um filme sobre pessoas comuns que desejam realizar seus sonhos.


O Fabuloso Destino de Amélie Poulain

Titulo original: (Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain)
País: França (2001)
Direção: Jean-Pierre Jeunet
Elenco: Audrey Tautou , Mathieu Kassovitz , Rufus , Yolande Moreau , Jamel Debbouze
Duração: 120 min
Gênero: Drama / Comédia


quarta-feira, 9 de março de 2011

O rock não morreu

Como diria Zappa, ele apenas ficou com um cheiro estranho.


É fato que o rock no mainstream anda decepcionando, sepultado num caixão colorido de letras clichês e melodias padronizadas, mas isso não é motivo para desespero dos velhos (de idade ou não) reclamarem do gênero musical.

O rock não está morto, mas fragmentou-se ao infinito. Não existe rock, mas punk rock, indie rock, rock caipira, pop rock, samba rock, rock progressivo, grunge, glam, britpop, hard, garage, aaaaaaaaahhh, et ceeeetera, pô!

Hoje em dia tem rock pra todo mundo, tem rock até pra quem não gosta de rock. Vou usar só exemplos brasileiros pra ilustrar minha opinião, 3 exemplos. Aí vão:

Charme Chulo

Véi, essa banda foi a melhor coisa que minha ex-namorada me apresentou. Charme Chulo toca um rock caipira, sentimental, às vezes ácido (como todo sentimento pode ser). São lá de Curitiba e lançaram o primeiro EP em 2004.



Aliás, Curitiba é um polo do rock, tem dezenas de bandas que arrebentam (ou arrebentaram em seu curto período de existência). Cito: Sabonetes, Terminal Guadalupe, Mordida, BlindagemPoléxia, Anacrônica, Pelebrói Não Sei, enfim. Recomendo todas!

Jumbo Elektro

O Jumbo Elektro não vou tentar definir se não vai ficar algo mais maluco que o som deles. É rock eletrônico. Ponto. Ponto? Conheci eles através de um depoimento que deram para um livro sobre o velho Frank Zappa de guerra, fiquei fascinado com o visual pós-moderno dos caras e fui atrás das músicas deles na internet. Não poderia ter uma surpresa melhor.

O clipe abaixo encaixou-se bem com este texto, pois brinca com a questão dos ídolos do rock e com a idéia d’ “o rock está morto”.



Vale conferir também Cérebro Eletrônico, banda de rock alternativo que deu origem ao JE. :)

Rock Rocket

Outra banda paulista, agora aproveito pra indicar uma banda mais punk, mais porra louca, mais alcoólica, que tive a oportunidade de ver ao vivo, no Bar do Zé aqui em Campinas. Os caras do Rock Rocket tem um PUUUUTA presença de palco e o som enérgico ajuda bastante.



Bem, é isso. Tem várias outras bandas de rock no Brasil que merecem mais destaque do que têm. Quem quer música boa hoje tem de garimpar na internet.

Pessoal, indiquem nos comentários outras bandas de rock da atualidade que vocês curtam e aproveitem também pra discutir se o rock morreu ou não. Meu texto acaba aqui, mas o post, enquanto vocês comentarem, não tem fim.

:)

quinta-feira, 3 de março de 2011

Cinema: Só Para Ver?

Frequentemente, quando questionadas sobre qual a parte de uma produção audiovisual e ou cinematográfica é mais importante na qualidade da obra final, a grande maioria das pessoas tendem a apostar na fotografia, outros no elenco, outros ainda na “onisciência” de um grande diretor e “esquecer” do áudio. Isso não é um problema apenas dos “consumidores” do produto. É um problema comum e recorrente na maioria dos estúdios e produtoras.
Preocupados principalmente com o quesito fotográfico do filme, esquecem-se que, para conseguirem transmitir a mensagem que querem e transportar o espectador para o “lado de lá”, o som é de suma importância para o êxito do trabalho.
Geralmente, o que acontece é que cada setor da produção pensa única e exclusivamente na sua parte sem pensar nos problemas que isso pode causar ao áudio como por exemplo, o diretor do departamento de efeitos especiais que visualiza e projeta uma “linda chuva” pela janela (em uma locação com telhado de zinco), ou o responsável pelo figurino que constrói dezenas de colares (barulhentos e chacoalhantes) para os personagens que usarão microfone de lapela. Isso sem contar nos técnicos de outras áreas como o pessoal da elétrica e maquinária e o pessoal da fotografia que geralmente tratam o técnico de áudio como o “chato do som” no set.

Técnico de som e sua mesa

Por motivos como esses e para passar uma maior credibilidade em alguns sons apresentados no decorrer de um produto audiovisual é que recorre-se a técnica da dublagem e do “foley”.
Não me refiro aqui nem a “dublagem/versão” no que diz respeito a tradução ou versão do conteúdo falado no filme para um idioma qualquer, mas sim na dublagem como recurso de melhora do áudio captado, seja por problemas técnicos ou por impossibilidade de captação direto.
Voltemos ao exemplo citado acima, “uma linda chuva pela janela (em uma locação com telhado de zinco)”. Agora, imaginemos que, nessa janela há um casal e eles conversam. É óbvio que na pós produção o diálogo ficou prejudicado pelo barulho da chuva no telhado, necessitando assim de uma dublagem das falas para que o assunto em questão seja inteligível. É exatamente a esse tipo de dublagem que me refiro aqui. Os atores originais então são chamados após o término da gravação da cena ou do projeto todo, entram em estúdio e recriam o diálogo como na gravação original e ambos são sincronizados: a cena gravada anteriormente e o áudio gravado em estúdio.
Vale ressaltar que os mais puristas discordam dessa técnica,  pois dizem que a “essência da atuação” dos atores perde-se completamente no processo de dublagem (o que, de fato, não deixa de ser uma verdade), porém, levando-se em consideração que aproximadamente 80% dos diálogos dos filmes produzidos nos estúdios de Hollywood sejam frutos de dublagens e a maioria do público nem se dá conta, essa questão já pode ser classificada como mérito do ator ou atriz.
Mas agora, façamos o contrário. Imaginemos que sim, a cena com a “linda chuva pela janela (em uma locação com telhado de zinco)” teve todos os cuidados mínimos necessários para uma ótima captação do áudio do diálogo da cena ( foram colocados panos felpudos para reduzir o barulho das gotas de água no telhado, as máquinas de chuva foram cobertas para abafar o barulho dos motores e colocadas o mais longe possível do set...) enfim, captação de áudio perfeita. Ainda assim temos um problema: com tantos cuidados o barulho da chuva ficou imperceptível e obviamente é necessário para a composição da cena. Nesse caso recorre-se ao processo de “foley”.
O foley é uma técnica antiga, que tem o nome de seu “criador” Jack Foley, amplamente usada até os dias de hoje e nada mais é que a “dublagem” dos efeitos sonoros existentes nos filmes, isto é, todo e qualquer som que não seja diálogo ou trilha como o tilintar de uma niqueleira com moedas, os passos de uma pessoa em uma floresta, o cavalgar de um cavalo em um terreno arenoso, o som de uma porta abrindo ou, como no exemplo citado, o som da chuva em um telhado.


Existem estúdios gigantescos especializados nessa técnica com todo tipo de objetos e quinquilharias para recriação de qualquer tipo de som que seja necessário.
Diferentemente da dublagem por “problemas” técnicos, o foley vem somente a acrescentar qualidade sonora ao filme visto que os profissionais da técnica recriam os sons que dificilmente conseguiriam ser captados com precisão ou com a intensidade necessária para dar o tom de realismo cada vez mais presente no cinema atual.
Não acho que a dublagem “original” seja um grande problema. Como já citado, ela é quase imperceptível para a maioria das pessoas.
O problema aparece quando a função de “aperfeiçoamento” do som captado deixa de ser a função principal da técnica de dublagem e passa a ser a técnica padrão para “salvamento” de falhas que poderiam ter sido facilmente evitadas com um bom planejamento de gravação, com o trabalho em equipe, com o aval do técnico de áudio para gravação nesta ou naquela locação, com um bom trabalho do set como um “todo” enfim, uma real preocupação com o áudio da produção em questão que, ao final das contas tem uma relevância muito maior para a qualidade final do filme do que a maioria das pessoas imagina.





Nota: Resenha criada após a leitura de "Carta Aberta do Seu Departamento de Som" de John Coffey.