segunda-feira, 18 de outubro de 2010

SWUrgh!

O tão falado evento já se passou, mas ainda encontra-se morno na percepção tanto de quem foi, quanto para quem acompanhou pela TV. E o Mel Agridoce esteve em dois, dos três dias dessa megaprodução. Mas falemos aqui do percurso que levou o evento até sua realização.

Os boatos do SWU iniciaram-se no primeiro semestre deste ano. E começou de uma forma não lá muito animadora. Primeiramente o evento teria o nome de Woodstock Brasil. Na minha opinião, seria um estigma muito forte tratando sobre o primeiro e marcante festival que ocorreu em 1969. Um festival de vanguarda que quebrou paradigmas artísticos. Será que em 2010, seria possível, no Brasil, um festival dessa carga? Desconfiei. Pois acho que (ainda bem!) o departamento de marketing que organizou o SWU percebeu a mesma coisa (talvez pela repercussão do boato) e trocou o nome do festival. Nascia então, o projeto SWU. Sigla para Starts With Us (Começa Com Nós)! Opa, desculpa. Isso é o que eu gostaria que fosse. O nome completo é Starts With U (Começa Com Você).

Logo no anúncio, bandas começaram a se confirmar. E com isso, confirmou-se que o evento não seria nenhum Woodstock. Linkin Park, Sublime With Rome, Dave Matthews Band. Mas também convenhamos: não estamos em tempos para bandas de um Woodstock. Nada muito contra as bandas citadas. São bem populares até. Agora, o que confirmou mesmo minhas premissas, foi a descoberta de que o evento pertencia aos mesmos organizadores do Maquinaria Festival do ano passado, que trouxe Faith No More. É só comparar os line-ups do Maquinaria Chile com o SWU. E quem esteve ano passado no festival, percebeu que já plantavam-se sementes para o SWU.
Tudo em casa, numa linguagem popular.

Logo, mais bandas foram se confirmando (Rage Against the Machine, The Mars Volta, Queens of The Stone Age, Incubus - não necessariamente nessa ordem) e o festival ganhava cara de um megaevento musical. Mas o SWU quis ser algo mais que isso. Resolveu levantar a bandeira do marketing sustentável. Até aqui, nada de errado.

Semanas sucederam-se, até que foram anunciados os preços para comparecer ao evento. Foram dois tipos de ambientes propostos pelo evento: Pista Comum e Pista Premium (mais uma semelhança com Maquinaria Festival). Os preços eram de R$240,00 para Pista Comum e R$640,00 para Pista Premium, ambos com possíveis de meia entrada. Estava instaurada a primeira polêmica. E não sem razão. Houve quem achou o preço salgado mesmo, temendo o rombo no próprio bolso. Houve um outro grupo que viu ali, uma certa demagogia mediante a proposta do evento (grupo no qual me incluo). Oras, se prega-se um evento cujo tema é sustentabilidade, não teria sentido algum os preços absurdos anunciados. E o primeiro passo para um mundo sustentável, é a não diferença de classes, ou seja, não fez sentido uma Pista Premium. O burburinho se deu na internet. "Xingaram muito no Twitter", diria um fã de Restart. O evento teve que se posicionar quanto às críticas. Primeiro, utilizaram do velho argumento de que, se pegassem o preço de shows realizados por bandas internacionais nos últimos três anos, ultrapassaria o preço dos três dias de SWU. Justo. Mas não para um evento que prega a sustentabilidade conjunta do planeta. Desculpa, mas foi um fail sem réplicas. Logo, pessoas interadas no assunto de festivais de música, constaram que saíria mais barato comprar um pacote de três dias de festivais de fora, o preço seria de R$500, 00 aproximadamente. Para os três dias! Fora a passagem de avião e estadia, claro. Somou-se com o preço do SWU, a localização do evento: Itu, cidade do interior de São Paulo, mais precisamente na Fazenda Maeda, palco de raves eletrônicas. Além de gastar com ingresso, a maioria do público teria que desembolsar grana para transporte. Os organizadores não resistiram às reclamações e fizeram um sistema de desconto temporário. Mais tarde, saberíamos que mesmo assim, a brincadeira custou caro.

O mais importante disso tudo é que o SWU provou-se um evento de mercado e só. A sustentabilidade estava sendo apenas chamariz para patrocinadores. O evento priorizou claramente o lucro para seus organizadores. Quem foi ao evento, presenciou isso e a demagogia ficou inevitável. Falta de estrutura, preços abusivos dentro do evento, público diferenciado. O preço dos ingressos valeu apenas para ver as bandas. Mais sorte da próxima vez.

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